“É mais fácil enganar toda uma multidão, do que um único homem”, afirmou Heródoto, que viveu no século V antes da nossa era e é considerado o primeiro geógrafo (na acepção contemporânea do termo), além de historiador (Cícero o chamou de “o pai da História”). De origem aristocrática, fugiu de sua terra natal quando ela foi anexada ao império persa e governada por um tirano.
Viajou por todo o mundo grego (que incluía parte da Europa e da África) e relatou seus conhecimentos sobre as regiões visitadas em seu livro “Histórias”.
Cada região é mostrada em detalhe, elencando com precisão assuntos como a religião, a história e as características étnicas de cada povo, tudo rigorosamente comprovado pela antropologia contemporânea.
É ele que usa pela 1ª vez a palavra história (Historíai, em grego), que significa “pesquisa, conhecimento adquirido pela pesquisa, explorações”. Essa palavra vem de hístōr, que quer dizer “juízo, testemunho”.
O livro de histórias tem 9 partes, cada uma batizada com o nome de uma Musa.
Mas afinal, onde está a ponte que liga Heródoto a nossa difícil atualidade ? Na decisão inédita, inaugurada por ele, de escrever em prosa e sobre acontecimentos reais. E, sobretudo, mostrar que aquilo tudo pode acontecer a qualquer pessoa em tal ou tal circunstância, revelando ao mesmo tempo o aspecto universal do devir e a minúcia da fragilidade das coisas humanas.
“Eu falarei das cidades dos homens, das pequenas e das grandes ; pois as cidades que foram grandes perderam, em geral, sua importância […]. Por isso, porque sei que a prosperidade humana jamais é estável, eu falarei tanto de umas quanto de outras.” (I,5).
Marly N Peres