Você está visualizando atualmente Antigas e novas cortesãs

Antigas e novas cortesãs

Laís de Corinto nasceu no século V antes de nossa era, na Sicília, de onde foi levada cativa para a Grécia. Em Corinto, tornou-se uma famosa cortesã. Ela é citada em mais de um texto de sofistas e cínicos, entre outros.

Era conhecida por sua beleza e avidez : seus favores custavam caro, o preço era alto. Tanto que seu nome se tornou proverbial, naquela época, segundo anedotas e episódios contados. Demóstenes ofereceu 1000 dracmas por uma noite com ela, que exigiu 10 vezes mais. Acabou se apaixonando por um atleta, que a repudiou porque tinha que se concentrar para uma prova.

Num dos epigramas do pseudo-Platão ela fala na 1ª pessoa sobre seu riso, sobre os amantes e sobre Afrodite, a quem faz uma dedicatória e oferece seu espelho. Afrodite, aliás, em cujo templo ela foi morta lapidada…

Lais de Corinto por Hans Holbein, o jovem 

A figura de cortesã, na Antiguidade e na Renascença, tinha uma função social. Elas eram sem dúvida mulheres que se vendiam, mas tinham cultura, por isso frequentavam as altas rodas, a Corte, de onde seu nome. Muitas vezes eram filhas de velhas cortesãs, educadas para falar sobre qualquer assunto, donas de uma cultura invejável para uma mulher daquela época.

Muito diferente das novas cortesãs. Nascidas nos EUA, as expressões sugar baby e sugar daddy caracterizam simplesmente o tipo de relação, em que os atributos físicos são “trocados” por “favores financeiros”. Sem glamour e sem cultura.

Uma pena, entre outras coisas para a arte da conquista. Até porque o que caracteriza as novas Laís é ainda a beleza e a avidez, e elas ainda preferem os “atletas” aos daddies. Mas elas não são capazes de frequentar a Corte, com aspas ou sem, pois sua especialidade é dizer o que os “patrocinadores” querem ouvir – porque, vamos combinar, se você não tem um problema de ego, não precisa de uma cortesã desse naipe.

Marly N Peres