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Cogito ergo sum

“Penso, logo existo.” 

No “Discurso do método”, René Descartes afirmou que podia duvidar de tudo, mas não de estar duvidando. E se estava duvidando é porque estava pensando. E se estava pensando é porque existia.

Esse raciocínio lapidar é formulado na IV parte do texto que inaugura a Modernidade (ao lado de Maquiavel, que faz isso no pensamento político). Não à toa, até hoje, quando se quer dizer que alguém raciocinou de modo impecável, se usa a expressão “cartesiano”.

Discurso estabelece 4 regras indispensáveis ao conhecimento :

  1. duvidar de tudo (regra da dúvida) ;
  2. decompor um problema (regra da análise) ;
  3. realocar cada elemento do mais simples ao mais complexo (regra da síntese, ou indução) ;
  4. checar se o raciocínio não esqueceu nada (regra da enumeração ou dedução).

Depois disso é que Descartes se dedica às Meditações metafísicas. É importante lembrar que ele emprega o conceito de cogito não só no método científico, como também dá a ele um caráter metafisico : na Meditações, o ponto principal é o chamado sujeito pensante.

Esse pensamento inspira Spinoza, que publica em 1673 os Princípios da filosofia de Descartes. E que contradiz o mestre, demonstrando que se Descartes foi do homem a Deus (caminho analítico, ascendente), não se pode fazer o caminho descendente, sintético, e ir de Deus ao homem sem dar “um jeitinho”.

O que lhe valeu a expulsão e a excomunhão do rabinato holandês, além da proibição de dar aulas e da expulsão da cidade, onde sua casa foi queimada e sal grosso jogado sobre as cinzas. Sem falar que os rabinos ainda tiveram o capricho de amaldiçoar sua família por 3 gerações !

 

Marly N Peres