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Delícia de confinamento

A vovó já acordou ? Cadê a vovó ? (mais um dia que começa, lá vamos nós)

Ô vovó, vamos brincar de lobo mau ? Mas Felipe, são 6h10 da manhã !

Ô vovó, vovó ! O que é ? Eu quero andar de bicicleta. Aqui dentro, menino ? Sim ! Vem comigo, vovó. (onde fica o botão de desliga, será que ele veio sem ?)

Eu também, vovó ! Ai, Sophia, isso é perseguição comigo. Per-se-gui-ção ? Sim, linda, perseguição. É assim que se chama. Entendi. (que bom, pelo menos ensinei uma palavra nova)

Vovó, eu quero fazer xixi. Vai com a Isa. Não quero, quero ir com você. (que legal, agora que eu ia tomar café !) Vovó, você esqueceu de passar gel na minha mão. (não aguento mais esse gel, por que ela sempre nota o que a gente faz de errado ?)

Ô vovó, vovó, quero brincar no computador. Toma seu teclado. Não, quero esse outro, com a televisão e música. (lá vai ele desconfigurar meu teclado de novo)

Felipe, o que você está fazendo com todos esses pedaços de papel ? Desenhando para você, eu adoro desenhar para você ! (como é que vou contar para ele que eram minhas anotações para o curso que estou escrevendo, quer dizer, estava ?)

Eu também, quero, vovó. Isa, pega mais uma cadeira, ela quer sentar ao lado dele. Como não quer ? Quer sentar onde ? Junto ? Mas não dá. Mas eu quero ! Eu não queeero, eu vim primeiro. (quem foi que ensinou esse maldito verbo para os dois, hein ? )

Ô vovó, vovóóó ! Você está demorando, cadê você ? Eu estava no banheiro. Você também faz xixi ? Sim, querido, eu também faço. Ah….você faz em pé, como eu, ou fica sentada, como a Sophia ? Sentada, né ? Sim, sentada. (pelo menos, é uma ocasião em que consigo me sentar)

Vovóóó ! O que é ? Não grita, eu não gosto de grito, minhas orelhas vão cair. Tá bom, eu vou gritar baixo. (só rindo mesmo, menina danada)

Vovó, vovóóó ! (eu vou ficar surda, positivamente)

Sophia, essa banana é dos passarinhos, tira da boca ! Felipe, desce daí AGORA ! Como ? Não vai descer ? Não, você não é o Peter Pan e se você cair, sua cara vai ficar achatada. (falta muito para a hora do banho e dormir ?)

Vovó, vovóóó ! (eu vou ficar surda, positivamente) Você tá cansada ? Não, eu não estou cansada, só desesperada. (que horas são ?) Isa, cadê aquele menino ? Por que ele sempre se esconde ? Vem Sophia, me ajuda a procurar seu irmão. Como não ? Não, linda, não posso ficar aqui com você, tenho que achar aquele moleque. Dona Marly, ele está embaixo da mesa, preso nas pernas das cadeiras, e está chamando a vovó. (ah, que novidade)

Ô vovó, vovó, minha barriga tá roncando, eu não comi nada hoje ! (esse moleque está de gozação comigo)

Não pode ser, sua barriga está completamente cheia. Com-ple-ta-men-te ? Sim, completamente. (pelo menos ensinei outra palavra nova) Mas eu tô com fome… (lá vamos nós de novo)

Vovó, eu quero chocolate geladinho. Vovó, tem sorvete ? Eu quero de chocolate. Não, eu quero de creme-creme. (socorro, eles não podiam querer o mesmo sorvete ?)

Vem, a vovó te ajuda. Não ? Tudo bem, você é quem sabe. Vovó, caiu. Não tem problema, meu amor, é só mais uma meleca no tapete.

Corre ! Ele está trepando no escorregador pulando os degraus ! (ai ai, meu coração não aguenta)

Sim, vamos brincar de Jasão. Tudo bem, eu tiro um sapato. Não puxa assim o carneiro da mão da sua irmã, vai arrancar os pés. Não chora, Sophia, foi sem querer. Não foi não. Pede desculpas. Não vou pedir, o Jasão sou e o carneiro é meu. (o que foi que eu fiz ?)

Ô vovó, vovó ! Me conta uma história ? Sim, claro, eu tenho muitas histórias para contar. Não, eu conto, o livro é grande, segura, vovó. Era uma vez… e aí… e aí… Eu não quero essa história, quero outra. Mas ele está contando, espera um pouco. Não, eu quero agora, não quero essa. Quero com o outro livro. (porque eu não nasci com duas bocas e 4 braços ?)

Vovó, vovó ! Você é a minha vovozinha. Eu adoro ficar na sua casa ! (dois bracinhos me apertam forte e a vovó-vovó se desfaz em segundos, delícia de confinamento !)

Marly N Peres