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Viver como um Deus

Praticar a sabedoria é “Viver como um Deus dentre os homens.”  Epicuro (século -IV a -III), na “Carta a Meneceu”. 

O epicurismo defende uma relação com o divino que seja livre de qualquer superstição. Na prática, agir como deve ser, em vez de multiplicar as preces e sacrifícios, na tentativa de chamar a atenção dos Deuses. Ser piedoso é levar uma vida segundo um modelo de sabedoria e de estabilidade inspirado no que cada um considera divino – metaforicamente, viver como um Deus.

É um conselho para vivermos de modo coerente com os valores importantes para nós, simplesmente. Praticar o que se defende, uma vida filosófica.

O ímpio, diz Epicuro, não é aquele que rejeita os deuses da multidão, mas sim aquele que põe na boca dos Deuses as opiniões da multidão. Que opiniões são essas ? Aquelas que descrevem Deuses coléricos, que castigam, que administram nosso mundo e nossos assuntos – de onde o medo.

Ora, esse medo não tem razão de ser, já que os Deuses nem amam nem detestam os homens, eles são completamente indiferentes aos solavancos de nossas vidinhas. Pois esses seres imortais (metáfora grega para simbolizar valores fundamentais) são voltados sobre si mesmos, em perfeita ataraxia (ausência de dor). O que a doutrina monoteísta chamaria depois de bem-aventurança.

Lucrécio, pensador romano epicurista do século -I, disse que eles vivem entre os mundos, afastados dos homens. Não precisam de nada.

Ou seja, menos do que criticar radicalmente a religião, o epicurismo queria purificar nossa relação com ela, com o que é divino. Ao contrário do que dizem seus adversários.

Marly N Peres